Novembro 2022

Dor no braço que esconde outro problema…

Recebi uma paciente que vinha de um outro colega de profissão.

Tinha sido tratada para um problema de tonturas grave e entretanto desenvolveu uma dor severa no ombro esquerdo.

A dor era tão forte que não o conseguia elevar até à cabeça nem levar a mão às costas. Como é natural recorreu ao mesmo colega que, infelizmente não a conseguiu ajudar.

Como a filha é minha amiga de longa data, a paciente veio ver-me.

O ombro

A paciente apresentava dor sobre todo o ombro e não conseguia mexer o braço. Veio um pouco desconfiada (creio apenas ter vindo por insistência da filha).

Fiz a avaliação do problema e passei então ao tratamento distal.

Tratamento

Após identificado o problema, coloquei as agulhas e segundos depois, pedi à paciente para mover o braço.

Foi com espanto que a paciente relatou estar substancialmente melhor. Já não sentia dor a mover o braço e conseguia executar todos os seus movimentos.
A partir daquele momento a paciente já estava no gabinete com mais vontade…

O regresso

A paciente só iria voltar cerca de 3 semanas depois. As melhorias foram efectivamente muito grandes no primeiro tratamento e a paciente decidiu nesta altura que devia fazer alguns tratamentos seguidos para consolidar o problema.

Um problema há muito presente

Ao revê-la, tive a oportunidade de aprofundar o meu conhecimento da paciente. Vim a descobrir que sofria de Insónia há muitos anos. Esta patologia, muito negligenciada, é das mais terrifícas pois é uma porta para inúmeras doenças a médio e longo prazo.

Propus à paciente que enquanto estivesse presente para tratar o ombro, de tentar abordar este problema crónico. A paciente anuiu pelo que começamos então esta fase de tratamento.

Foram feitos cerca de 7 tratamentos semanais

Enquanto o ombro se apresentava progressivamente normalizado a Insónia respondeu de forma diferente. A paciente verificou que a cada dia de tratamento dormia efectivamente melhor, mas foi apenas a partir do 4º que começou a relatar o seu sono normalizado.

Sono

Corrigir o sono pode ser bastante desafiante pois é o resultado de muitos acontecimentos; hábitos, gestão emocional, alimentação, estímulos, etc… Contudo a Medicina Chinesa pode ajudar muito nestes processos sendo, por vezes determinante na sua correcção. Se sofre de Insónia não adie mais, corrija o quanto antes esse problema pois o Sono é um dos pilares da sua saúde.

Lesão a jogar Padel

Recebi um paciente que se magoou a jogar padel. Ao dar um salto para bater a bola magoou o gémeo da perna esquerda.

Desde esse momento que sentiu dificuldade em apoiar o pé esquerdo no chão. Sentia o gémeo tenso e dorido.

Os sintomas que apresentava eram de uma micro ruptura muscular.

Micro ruptura muscular

Uma ruptura muscular pode ser causada pelo estiramento brusco dos músculos, pela contracção repentina , como por exemplo correr uma longas distâncias.

Todos os desportos que requerem “explosões” de velocidade, aumentam o risco de lesão. Assim como a fadiga muscular, pouca flexibilidade e a falta de aquecimento prévio à prática desportiva.

As rupturas musculares podem ser avaliadas em 3 graus, mediante a sua gravidade:

O grau I corresponde a pequenas lesões (até 10% das fibras musculares envolvidas), também designadas de micro-rupturas.

No grau II existe lesão de até 90% das fibras musculares.

O grau III implica a ruptura de mais de 90% das fibras musculares ou uma ruptura completa. Estas últimas geralmente ocorrem junto à transição de músculo para tendão ou já no próprio tendão em si.

ruptura muscular

O paciente apresentava então sintomas de uma micro ruptura:

  • Rigidez muscular
  • Dor
  • Perda de flexibilidade muscular

Tratamento

Ao receber o paciente avaliámos a limitação e a região exata da dor.

Após feito o diagnóstico, procurei qual a melhor área do corpo para iniciar o tratamento.

Em Acupunctura existem sempre diferentes possibilidades para abordar um mesmo problema. Não há apenas “uma verdade” mas várias…

Mas como saber qual o melhor tratamento para o paciente? Existem claro alguns dados que podemos usar para tentar encontrar a melhor estratégia a utilizar no paciente. Neste caso foi a sensibilidade nos canais que podem tratar a sua condição.

1- Após colocadas as agulhas foi pedido ao paciente para caminhar e avaliar novamente o grau da sua limitação. As melhoras deixaram-no surpreendido! Nunca tinha feito acupunctura antes e disse “isto funciona mesmo!”

O paciente saiu substancialmente melhor e voltou dois dias depois.

2- No segundo tratamento dizia já andar melhor mas ainda sentia alguma limitação. Mas desta vez, para sentir dor, precisava estirar o músculo. A dor encontrava-se mais “escondida”, mais profunda.

Repeti o tratamento. O paciente saiu sem limitações e ficou de voltar novamente, dois dias depois.

3 – Neste tratamento o paciente referiu já não sentir grande coisa no dia a dia, apenas um ponto quando contraia muito o músculo. Alterei então o tratamento para resolver o problema. O paciente saiu sem queixas e terminou o tratamento.

Rupturas musculares e acupunctura

A acupunctura tem um excelente desempenho neste tipo de lesões. São muitos os pacientes já tratados com problemas semelhantes. Os resultados são sempre muito animadores. Diria que a acupunctura deve ser uma das escolhas de eleição para todos os que sofrem deste problema. A fisioterapia é geralmente a escolhida como primeira escolha, mas creio ser muito útil aliar esta à acupunctura.

Crise de coluna

Um destes dias visitei uma paciente que se apresentava em crise de dor.

Após ter de passar demasiadas horas sentada por ter um problema na perna, ficou com uma dor intensa na coluna que irradiava pela perna direita

Como não estava em condições de conduzir, desloquei-me até casa da paciente para fazer o tratamento.

A dor lombar era forte e irradiava pelas costelas pelo lado direito apanhando também a perna do mesmo lado, muitas vezes.

A paciente tinha dificuldade em levantar-se, sentar-se e andar…

Começamos então o tratamento e a paciente sentiu alívio imediato.

Uma vez que o tratamento permite a mobilidade, a paciente teve oportunidade de se levantar e andar. A dor estava substancialmente mais baixa.

Acabado o tratamento, continuei o meu dia de trabalho.

No dia seguinte obtive nova chamada da paciente. Desta vez encontrava-se substancialmente melhor mas queria fazer ainda mais um tratamento pois ainda não se encontrava a 100%. Desta vez, já veio ter comigo ao meu gabinete.

Quando a vi, ainda apresentava algum desconforto junto às costelas flutuantes. Fiz o tratamento e foi aí que sentiu também um alívio substancial desse desconforto.

A paciente saiu preparada para encarar a sua vida de forma normal.

Mais um caso de esporão…

esporão do calcâneo

Recebi a mulher de um paciente com esporão em ambos os pés.

Ao tratar um paciente, fomos conversando sobre diversos temas. Numa sessão ele aproveitou para me falar da sua esposa e do que vinha sofrendo. Disse-lhe que a acupunctura tem resultados muito interessantes no que ao esporão diz respeito. Os resultados são geralmente rápidos e não são necessários assim tantos tratamentos.

O caso

A paciente apresenta-se com este problema há já muito tempo. No passado já fez fisioterapia que aliviou a sua condição. Teve uma intervenção médica marcada, mas o facto de ter feito uma cirurgia às suas varizes, viu-se impossibilitada de fazer essa intervenção.

As dores do esporão foram-se mantendo ao longo do tempo, com períodos melhores e outros piores.

A dor que apresenta em ambos os pés obriga-a a andar de forma diferente para se proteger. Um dos pés apresenta dor mais forte e num local mais interno enquanto o outro apresenta uma dor mais branda embora numa região mais medial que tem mais contacto com o chão.

Início do tratamento

Na primeira sessão, como é usual, pedi à paciente para me dizer o seu grau de dor de 0 a 10. Esta é uma escala simples que nos ajuda a entender a percepção que o paciente tem da sua dor.

  • Pé direito – Dor 9
  • Pé esquerdo – Dor 4

Comecei o tratamento com o foco no pior pé, o direito.

Ao tratar uma zona distal do problema afectado é possível o paciente verificar imediatamente a sua situação. Após inserir as primeiras agulhas pedi à paciente que se voltasse a levantar e andasse um pouco procurando a dor. Relatou alguma melhoria, neste momento a dor no pé direito havia descido para nível 5 (estava antes em 9).

Estimulei um pouco mais as agulhas e voltei a pedir à paciente para testar o pé direito. Desta vez a dor no pé desapareceu aparecendo apenas um desconforto em outra zona do pé não relacionada com o problema.

Voltei-me então para o pé esquerdo e executei o mesmo princípio. A paciente sentiu também melhoras tendo ficado sem dor no pé.

Conclusão

Estes resultados foram obtidos segundos após a inserção das agulhas, no primeiro tratamento!

É extraordinário, sim! Mas este é apenas um passo no tratamento.

Nestas situações é necessário fazer mais tratamentos para consolidar os resultados, pois o pé está constantemente submetido a impacto/agressão, o que promove a inflamação.

Segundo a minha experiência, a acupunctura no tratamento do esporão é realmente muito interessante. A acupunctura promove uma rápida recuperação da qualidade de vida do paciente e apresenta grandes resultados de médio e longo prazo.