Crise de ciática?

Certo dia recebi uma chamada de um paciente para saber se o poderia ajudar.
Estava há cerca de 1 mês em crise.

Estava de baixa e medicado e mal se mexia.

Ao telefone tentei perceber o que se passava. Disse-me que tinha uma ciática e que não tinha sentido ainda grandes melhorias. Expliquei-lhe que uma ciática pode ter diversas causas e que em função disso o prognóstico é diferente. Contudo, é também verdade que a acupunctura oferece sempre resultados (dependendo da causa pode ter efeito curativo ou apenas paliativo)

O paciente decidiu marcar uma consulta e aceder a um conjunto de tratamentos para tentar ver aliviado o seu problema.

Ciática

Tem o nome de ciática a inflamação do nervo do mesmo nome. Este nervo começa na coluna (sai da região entre a L4 e a S2) e percorre o glúteo descendo pela perna e ramificando, até chegar ao pé. Este é um nervo muito importante e complexo, muitas vezes comprimido sofrendo assim e provocando o sinal de dor.

Sendo o nervo mais espesso do corpo humano, ele tem uma função motora, ou seja, activar os músculos permitindo assim o movimento/motricidade.

Início do tratamento

Quando recebi o paciente, ele veio com a filha e usando uma bengala. Entrou no gabinete a coxear e desalentado.

SINTOMAS

Começamos a consulta e perguntei exactamente quais eram os seus sintomas. Disse-me que mal conseguia andar e que apenas estava bem quando deitado na cama. Sempre que levantado ou sentado sentia dor por toda a região posterior da perna e no joelho, lado esquerdo. Também sentia dor na região da nádega do mesmo lado e algum desconforto na anca.

Perguntei se sentia algum desconforto na coluna se tinha historial deste tipo de problemas

Respondeu-me dizendo que desta vez não tinha qualquer dor na coluna mas esta era já a sua terceira crise.

Exames

  • Escoliose lombar
  • Osteofitos (bicos de papagaio) marginais e calcificações ligamentares (sobretudo entre L3 e L5)
  • Redução do espaço intervertebral L4-L5
  • Procidência discal posterior e esquerda em L2-L3
  • Procidência discal difusa L3-L4
  • Ligeiro contacto com a raíz nervosa L2 à esquerda
  • Herniação postero-lateral em L4-L5
  • Procidência discal posterior L5-S1

Os exames revelam alterações sérias na coluna. O paciente referiu-me também que ia ver um neurocirurgião em breve, a consulta já estava marcada.

O tratamento

Seguindo sempre o princípio da acupunctura distal, fiz o diagnóstico segundo os princípios de medicina chinesa e comecei então o tratamento.

Comecei o tratamento inserindo algumas agulhas e pedi de seguida ao paciente que se levantasse e andasse um pouco (a acupunctura distal permite que a pessoa mobilize a área afectada pois nesta nunca se encontram agulhas).

O paciente levantou-se espantado e começou a caminhar no gabinete. Disse que talvez estivesse um pouco melhor…

Pedi que se sentasse novamente e continuei o tratamento. Pedi uma segunda vez ao paciente que voltasse a caminhar no gabinete. Voltou a aceder ao pedido e a testar a sua dor. E foi aqui que notou claras melhorias. Nem seria preciso dizer nada pois a sua expressão alterou-se no momento em que percebeu as melhorias…

Disse-me que praticamente não sentia dor, apenas um pouco no glúteo e anca. Disse-lhe que ia tentar melhorar um pouco mais a sua condição e portanto pedi-lhe que se sentasse novamente para tentar eliminar por completo os seus sintomas.

Completei então o tratamento e pedi-lhe, antes que se deitasse na marquesa, que testasse uma última vez a sua condição. Agora sim! Não havia mais dor!

O paciente deitou-se e a sua curiosidade pelo que tinha acabado de acontecer levou-me a explicar a forma de actuação da acupunctura. “como é que as agulhas do braço podem retirar a dor da perna?”, dizia ele…

Tratamentos seguintes e evolução do paciente

Quando vi o paciente pela segunda vez, ainda acompanhado pela sua filha, que o trouxe de carro, já não trazia muleta. Embora substancialmente melhor, o paciente ainda tinha sintomas e sentia dores, por vezes fortes, ao levantar.

Voltamos a fazer tratamento e voltou a sair sem dor!

A partir do 3º tratamento o paciente já veio sozinho (de mota!) e apresentou-se estável.

Foram feitos diversos tratamentos para estabilizar a sua situação.

Recomendei também ao paciente que fizesse diversos exercícios específicos para poder manter a sua coluna controlada. A sua condição é muito frágil e é fundamental cuidar do seu corpo diariamente para que o mesmo não volte a suceder.

Cuidados a ter…

Este caso revela complicações estruturais importantes. Muitas vezes, sobretudo nas pessoas que têm crises recorrentes, existem alterações estruturais que estão na origem da queixa.

É fundamental tentar, se possível, adoptar hábitos que possam melhorar essa condição. O exercício físico executado correctamente pode fazer milagres! É claro que nestas situações a pessoa tem de ser acompanhada, deve pedir a um profissional competente que lhe ensine os exercícios necessários a fazer.

Se sofre de crises relacionadas com a sua coluna, não deixe passar. Não se esqueça de cuidar da sua condição apenas porque a crise já passou. Quando há um problema estrutural as crises voltam e voltam sempre pior! Cuide o quanto antes de si

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