Agosto 2022

Crise de ciática?

Certo dia recebi uma chamada de um paciente para saber se o poderia ajudar.
Estava há cerca de 1 mês em crise.

Estava de baixa e medicado e mal se mexia.

Ao telefone tentei perceber o que se passava. Disse-me que tinha uma ciática e que não tinha sentido ainda grandes melhorias. Expliquei-lhe que uma ciática pode ter diversas causas e que em função disso o prognóstico é diferente. Contudo, é também verdade que a acupunctura oferece sempre resultados (dependendo da causa pode ter efeito curativo ou apenas paliativo)

O paciente decidiu marcar uma consulta e aceder a um conjunto de tratamentos para tentar ver aliviado o seu problema.

Ciática

Tem o nome de ciática a inflamação do nervo do mesmo nome. Este nervo começa na coluna (sai da região entre a L4 e a S2) e percorre o glúteo descendo pela perna e ramificando, até chegar ao pé. Este é um nervo muito importante e complexo, muitas vezes comprimido sofrendo assim e provocando o sinal de dor.

Sendo o nervo mais espesso do corpo humano, ele tem uma função motora, ou seja, activar os músculos permitindo assim o movimento/motricidade.

Início do tratamento

Quando recebi o paciente, ele veio com a filha e usando uma bengala. Entrou no gabinete a coxear e desalentado.

SINTOMAS

Começamos a consulta e perguntei exactamente quais eram os seus sintomas. Disse-me que mal conseguia andar e que apenas estava bem quando deitado na cama. Sempre que levantado ou sentado sentia dor por toda a região posterior da perna e no joelho, lado esquerdo. Também sentia dor na região da nádega do mesmo lado e algum desconforto na anca.

Perguntei se sentia algum desconforto na coluna se tinha historial deste tipo de problemas

Respondeu-me dizendo que desta vez não tinha qualquer dor na coluna mas esta era já a sua terceira crise.

Exames

  • Escoliose lombar
  • Osteofitos (bicos de papagaio) marginais e calcificações ligamentares (sobretudo entre L3 e L5)
  • Redução do espaço intervertebral L4-L5
  • Procidência discal posterior e esquerda em L2-L3
  • Procidência discal difusa L3-L4
  • Ligeiro contacto com a raíz nervosa L2 à esquerda
  • Herniação postero-lateral em L4-L5
  • Procidência discal posterior L5-S1

Os exames revelam alterações sérias na coluna. O paciente referiu-me também que ia ver um neurocirurgião em breve, a consulta já estava marcada.

O tratamento

Seguindo sempre o princípio da acupunctura distal, fiz o diagnóstico segundo os princípios de medicina chinesa e comecei então o tratamento.

Comecei o tratamento inserindo algumas agulhas e pedi de seguida ao paciente que se levantasse e andasse um pouco (a acupunctura distal permite que a pessoa mobilize a área afectada pois nesta nunca se encontram agulhas).

O paciente levantou-se espantado e começou a caminhar no gabinete. Disse que talvez estivesse um pouco melhor…

Pedi que se sentasse novamente e continuei o tratamento. Pedi uma segunda vez ao paciente que voltasse a caminhar no gabinete. Voltou a aceder ao pedido e a testar a sua dor. E foi aqui que notou claras melhorias. Nem seria preciso dizer nada pois a sua expressão alterou-se no momento em que percebeu as melhorias…

Disse-me que praticamente não sentia dor, apenas um pouco no glúteo e anca. Disse-lhe que ia tentar melhorar um pouco mais a sua condição e portanto pedi-lhe que se sentasse novamente para tentar eliminar por completo os seus sintomas.

Completei então o tratamento e pedi-lhe, antes que se deitasse na marquesa, que testasse uma última vez a sua condição. Agora sim! Não havia mais dor!

O paciente deitou-se e a sua curiosidade pelo que tinha acabado de acontecer levou-me a explicar a forma de actuação da acupunctura. “como é que as agulhas do braço podem retirar a dor da perna?”, dizia ele…

Tratamentos seguintes e evolução do paciente

Quando vi o paciente pela segunda vez, ainda acompanhado pela sua filha, que o trouxe de carro, já não trazia muleta. Embora substancialmente melhor, o paciente ainda tinha sintomas e sentia dores, por vezes fortes, ao levantar.

Voltamos a fazer tratamento e voltou a sair sem dor!

A partir do 3º tratamento o paciente já veio sozinho (de mota!) e apresentou-se estável.

Foram feitos diversos tratamentos para estabilizar a sua situação.

Recomendei também ao paciente que fizesse diversos exercícios específicos para poder manter a sua coluna controlada. A sua condição é muito frágil e é fundamental cuidar do seu corpo diariamente para que o mesmo não volte a suceder.

Cuidados a ter…

Este caso revela complicações estruturais importantes. Muitas vezes, sobretudo nas pessoas que têm crises recorrentes, existem alterações estruturais que estão na origem da queixa.

É fundamental tentar, se possível, adoptar hábitos que possam melhorar essa condição. O exercício físico executado correctamente pode fazer milagres! É claro que nestas situações a pessoa tem de ser acompanhada, deve pedir a um profissional competente que lhe ensine os exercícios necessários a fazer.

Se sofre de crises relacionadas com a sua coluna, não deixe passar. Não se esqueça de cuidar da sua condição apenas porque a crise já passou. Quando há um problema estrutural as crises voltam e voltam sempre pior! Cuide o quanto antes de si

Disfunção eréctil

Do que se trata?

Considera-se sempre disfunção eréctil sempre que o homem não apresenta uma erecção completa durante o acto sexual. O homem pode não conseguir ter erecção, tê-la apenas por momentos ou ter ainda uma erecção que não é suficiente. Qualquer uma destas condições entra na categoria de disfunção eréctil.

Quando aparece?

A disfunção eréctil está muito associada a uma idade mais avançada no homem, embora possa inclusivamente estar presente em jovens (geralmente ligado a questões ansiosas). Este problema afecta cerca de metade dos homens entre os 40 e os 70 anos, mas encontra-se em cerca de 85% dos homens acima dos 75 anos.

Quais as causas da disfunção eréctil?

A erecção peniana é um fenómeno de origem neurológica e psicológica e por isso a sua disfunção pode assentar em apenas um destes dois fenómenos, mas também em alguns outros mais particulares.

A função neural actua sobretudo na vascularização, permitindo assim o enchimento dos corpos cavernosos (tecido de características únicas existente no pénis) e evitando o seu retorno, deste modo provocando a erecção. Para além deste papel importante vai também actuar num aumento de sensibilidade e modelação hormonal.

Portanto e como resumo, as causas são diversas. Desde causas psicológicas (depressão, ansiedade), anatómicas (curvatura exagerada do pénis), neuronal (lesão dos nervos cavernosos), vasculares (obstrução das artérias cavernosas), hormonais (baixo nível de testosterona, farmacológica (antidepressivos ou antihipertensores). Estas causas podem ainda estar combinadas umas com as outras.

Factores de risco para a disfunção eréctil

A idade é considerada um factor de risto

Obesidade

Diabetes e dislipidémia (ex:. colesterol elevado)

Hipertensão

Tabagismo

Doença cardiovascular

Sedentarismo

Alguns medicamentos (ex:. antidepressivos, antihipertensores)

Diagnóstico

Parte do diagnóstico está ligada aos hábitos sexuais e à analise da performance sexual, são também feitos geralmente exames cardiológicos, de resistência física bem como laboratoriais (níveis de glicémia, testosterona, e perfil lipídico)

Tratamento convencional

A medicina oferece tratamento que difere em função do diagnóstico obtido. Mas uma boa parte do tratamento é universal, relaciona-se com os hábitos de vida, como a dieta, o exercício, o sono, etc.

Medicina Chinesa e a disfunção eréctil

Enquanto medicina holística a medicina chinesa preocupa-se sempre com o equilíbrio do ser humano e o equilíbrio do mesmo com o ambiente que o rodeia.

Portanto é fundamental corrigir a dieta, rotinas de sono e um correcto exercício físico.

DIETA – Em resumo deve reduzir/eliminar o álcool, e ter uma dieta de moderada a pobre no que respeita os hidratos (cereais e derivados, feculentas). Na dietética chinesa promove-se o consumo (moderado) se sementes (gergelim, linhaça, chia, abóbora…) e rebentos (grãos germinados). É também importante o consumo de peixe selvagem gordo e de marisco (de forma moderada). Para além da selecção dos alimentos é fundamental entender que a alimentação deve servir para nutrir o corpo sem nunca sobrecarregar o sistema digestivo, pois se isto acontecer o corpo torna-se mais frágil e débil e será mais difícil recuperar os níveis de saúde pretendidos

EXERCÍCIO FÍSICO – O exercício físico é fundamental sempre que queremos obter níveis de saúde aceitáveis. Contudo, o exercício não deve ser demasiado exigente levando assim o corpo à exaustão. O exercício deve estar ajustado às nossas capacidades e necessidades. A escolha de um exercício completo (tónico, que promova a flexibilidade articular e também o alongamento muscular) é determinante para a pessoa.
Nesta condição particular existem exercícios específicos que podem servir para potenciar a performance sexual e assim combater a disfunção sexual.

SONO – Sem o devido repouso é impossível obter saúde. O vigor sexual depende também de um estado físico pleno em que não haja fadiga. É por isso muito importante respeitarmos as horas necessárias de sono. Tentar nunca nos deitarmos depois das 23h sendo e tentando ter um sono continuado de 8h.

MENTE SÃ – Este é outro aspecto importantíssimo na saúde em geral e determinante também na performance sexual. Se ansioso, preocupado, depressivo o homem produz níveis inferiores de testosterona levando assim a uma erecção mais fraca. Deve haver uma profunda reflexão sobre o que afecta a mente e começar a resolver as questões que se arrastam diariamente e acabam por perturbar a saúde em geral e também a capacidade de obter uma erecção completa. Quando o sono é correcto a mente torna-se naturalmente mais forte. Há também certos exercícios (como o Yoga ou o Taiji) que obtêm benefícios mentais e que por isso também ajudam neste processo de reequilíbrio

Tratamento com medicina chinesa

A medicina chinesa oferece diversas formas de tratamento. O Taiji e o Qigong são formas mais gerais de abordar esta questão, mas a fitoterapia e a acupunctura apresentam-se como tratamentos mais concisos e pragmáticos quando deparados com um quadro de disfunção eréctil.

Há já diversos estudos que comprovam a eficácia da acupunctura bem como da fitoterapia no tratamento da disfunção eréctil. São hoje formas de tratamento seguras e eficazes que melhoram substancialmente a condição do paciente.

E as agulhas, são colocadas…

Não se preocupe! O tratamento não é local, o local das agulhas é estabelecido de forma estratégica para obter o efeito pretendido sem ser necessária a colocação de agulhas perto do pénis.