Maio 2022

Dor que impede o andar

A Anabela* estava há cerca de 1 mês com uma dor no seu pé esquerdo. A dor começou lentamente e atingiu níveis que a impediram de andar normalmente. Um dia vi a Anabela a andar com uma bengala e sugeri-lhe que fizesse-mos alguma coisa.

O que é?

Tentei entender como a dor tinha aparecido, se tinha havido algum trauma. Nada aconteceu de anormal, nada que justificasse tamanha dor. O mais provável seria o agravamento de uma atrose. O pé apresentava-se também um pouco inchado e a dor era muito aguda quando o pé tentava suportar o peso do corpo

Disse a Anabela que seria recomendável recorrer ao médico e pedir-lhe que fizesse um exame “just in case”. Entretanto começamos logo o tratamento para tentar acelerar ao máximo a sua recuperação.

Tratamento

Começamos então o tratamento fazendo massagem. Desta forma foi-me possível tratar e, ao mesmo tempo, sentir o pé para tentar entender melhor o que lá se passava. Sentia que ao nível do tarso (conjunto de ossos do pé próximos do tornozelo) havia uma luxação entre o osso cubóide e o cuneiforme lateral. A Anabela queixava-se em alguns momentos, mas de forma geral sentiu que a massagem a estava a ajudar. Sentiram-se alguns “estalinhos” durante a massagem até que finalmente esta acabou. Combinamos de nos voltar a ver mais algumas vezes. Iria voltar a vê-la dois dias depois…
Quando voltei a ver a Anabela, ela já andava sem bengala e estava substancialmente melhor. Embora ainda com dor ao andar, sentia que o primeiro tratamento a tinha ajudado.

Voltamos a repetir o processo, e mais uma vez, e outra vez…

As melhorias foram extraordinárias, ao fim de 3 massagens a Anabela já praticamente não tinha dor e conseguia andar sem ter de se adaptar. Foram feitos mais alguns tratamentos até que decidimos parar devido à ausência de sintomas.

Perto do final do tratamento a Anabela recebeu os exames que mostravam algumas artroses uma pequena lesão antiga num ligamento e nada mais que justificasse o problema que havia sofrido.

No final do tratamento o pé estava bem e sem se encontrar inchado. For feita apenas massagem no local, que serviu bem o propósito pretendido 😉

*nome fictício

Refluxo gastroesofágico

Manifesta-se por desconforto, ardor na região do peito. É geralmente descrito como azia.

É um problema muito comum que ocorre em praticamente toda a gente em algum período da vida.

O refluxo ocorre quando o esfíncter gastroesofágico não consegue contrair suficientemente, permitindo que os sucos gástricos subam pelo esófago provocando então a sensação de ardor.

São diversas as causas que podem estar na base do refluxo:

  • Tabagismo – O tabaco prejudica muitos sistemas, nomeadamente a capacidade de oxigenação bem como a microcirculação, levando por isso a um envelhecimento precoce dos tecidos e perda de elasticidade, função muscular (afectando assim a capacidade de contracção do esfíncter)
  • Álcool – Leva a diversas alterações, uma delas ao nível do estômago e consequente produção de ácido gástrico. Afecta também a capacidade de contracção do esfíncter gastroesofágico
  • Aumento de peso – A gordura abdominal excessiva pressiona mecanicamente o estômago, aumentando a pressão contra o esfíncter, levando a que este se enfraqueça e acabe por deixar passar os sucos gástricos e, consequentemente, ao refluxo gastroesofágico
  • Excesso de comida – Comer demasiado às refeições cria stress sobre o esfíncter favorecendo assim o desenvolvimento desta patologia
  • Medicamentos – Alguns medicamentos são prejudiciais podendo estar na base do aparecimento desta doença

Sintomas

O sintoma mais comum é o de ardor na região do externo. Pode haver regurgitação, ou seja, os sucos podem chegar até à boca. Neste caso a pessoa sente um sabor “azedo” de vómito na boca. Estes sintomas tendem a ser piores quando a pessoa está deitada. Ocorre muitas vezes as pessoas acordarem de manhã com essa sensação na boca.

As pessoas podem também sentir que está algo na garganta, isto ocorre devido à irritação das mucosas.

Pode ainda haver irritação na garganta e também tosse, pois os sucos podem viajar até aos pulmões, provocando sons respiratórios e tosse como forma de expelir estes mesmos sucos

Complicações

Este é um problema muito comum na sociedade moderna e comumente tratado pela medicina ocidental. É importante perceber, que embora não seja uma patologia grave, se não tratada convenientemente, pode desenvolver situações muito complicadas:

  • Esofagite (inflamação do esófago)
  • Estenose do esófago (estreitamento do canal do esófago)
  • Úlceras no esófago (feridas na mucosa esofágica)
  • Carcinoma do estômago

Acupunctura e refluxo gastroesofágico

A acupunctura tem revelado um efeito muito interessante no tratamento desta patologia.
A acupunctura é capaz, a curto prazo, de eliminar os sintomas de ardor. A médio prazo consegue regular a função do estômago e por isso moderar e, por vezes, até resolver o problema em questão.

Prevenção

Aqui reside, mais uma vez, a estratégia mais importante

  • Refeições moderadas e equilibradas
  • Nunca jantar perto da hora de ir para a cama
  • Abolir o tabaco
  • Moderar o consumo de álcool
  • Comer espaçadamente

“se sofre de refluxo gastroesofágico não deixe andar, trate-se o quanto antes”

Dor no pé que impossibilita o andar

O Bruno* veio até mim com queixas no dedo grande do pé direito.

O Bruno trabalha na construção civil e houve um dia, há cerca de uma semana, em que deixou cair uma pedra em cima do pé. Desde esse dia que começou a sentir dor e dificuldade a andar

Sintomas

  • Dor ao mexer o dedo do pé
  • Dificuldade ao andar
  • Dedo vermelho, inchado e inflamado
  • Sensação de pulsação no pé
  • Dor ao redor da articulação metatarso-falângica
articulação metatarso-falângica

Questionei o Bruno sobre problemas relacionados com ácido úrico. O Bruno disse-me que tinha análises feitas há poucos dias que apontavam estar tudo bem.

Tratamento

Comecei por colocar uma agulha para eliminar o processo inflamatório evidente. Após alguns minutos o Bruno revelou já não sentir qualquer pulsar no dedo. Era também visível a alteração de cor na região. Ao mexer o dedo o Bruno já sentia alguma alteração embora ainda dor e limitação.

Continuei o tratamento, colocando agulhas para eliminar a dor. Após colocação das agulhas o Bruno sentiu claras melhorias na mobilidade do dedo.

Resultados

O paciente saiu com claras melhorias. No dia seguinte enviou-me uma mensagem dizendo que estava claramente melhor.
O problema solucionou-se, neste caso, em apenas uma sessão.

*nome fictício

É sempre importante entender que “cada caso é um caso”. Não é um cliché, é mesmo assim.
Contudo, estas experiências partilhadas servem para atestar o potencial da acupunctura, e para mostrar a todos a diversas situações em que a acupunctura é útil.