Novembro 2017

Um caso de pediatria

“Os santos da casa também fazem milagres”, afinal

Chegado a casa após um dia de trabalho, a minha mulher disse-me que o meu filho José se andava a queixar da “pilinha”… Fui ter com ele e ele disse-me que doía…

Quando o observei vi que o prepúcio estava vermelho e que havia um corrimento esbranquiçado. Pelas horas que eram, não contactamos o pediatra e também não queríamos ir às urgências apenas por isto.

Perguntei ao meu filho se me deixava tratá-lo e ele disse logo que sim, o corajoso. Ele tem apenas 4 anos.

Em vez de usar agulhas decidi usar um pequeno aparelho de electroestimulação.

Selecionei uns pontos na mão e na coxa e tratei-o durante uns minutos. Como já era tarde, pouco depois deitou-se.

O José dormiu bem nessa noite. Tinha passado o dia a queixar-se na escola e também em casa pois a “pilinha” ardia, “dói” dizia ele…

No dia seguinte ao acordar não me falou mais nisso e de manhã quando, quando o observei, já não tinha corrimento nenhum. Apenas o prepúcio estava irritado.

Foi então para a escola e quando regressou, não se queixou mais…

Nesse mesmo dia acabei por não fazer tratamento, mas no dia seguinte o José queixou-se outra vez. Desta vez não tinha qualquer corrimento, era apenas a irritação na “pilinha” que o incomodava. Repetimos o tratamento.

E assim, ao fim de dois tratamentos, o José livrou-se deste desconforto. É importante contudo analisar a evolução destes casos que podem complicar.

O José, um caso pediátrico

Rafael Laballe

Depressão

A Joana* veio visitar-me devido a várias queixas. Aquela que mais valorizei foi a sua depressão.

A Joana já sofre de depressão há vários meses. Após uma situação emocional complicada, começou com vontade de se isolar sentindo-se também desmotivada, triste e revoltada com o que havia acontecido. Pior, é que a Joana já teve pensamentos suicidas.

Mas na realidade, quando veio ter comigo, a paciente relevou primeiro as suas dores físicas, o pé, o cotovelo, as dores de cabeça, e até um dor no polegar que a chateia há muito tempo.

Foi depois de alguma conversa que consegui entender o que se passava ao nível psicológico. Tive a felicidade da Joana me confiar a sua dificuldade, podendo assim tentar ajudá-la com mais facilidade.

Tive o cuidado de dizer que no seu caso é fundamental que seja acompanhada por um psicólogo, pois a acupunctura pode não ser suficiente. Espero tê-la convencido, embora tenha demonstrado alguma resistência nessa ideia.

Propus-me ajudá-la, e foi então que iniciamos o tratamento.

Como é hábito na prática clinica dos acupunctores, muitos dos pacientes que vêm até nós pela primeira vez, têm medo das agulhas. A Joana sofria do mesmo mal.

Ao iniciar o tratamento tive também de ter isso em conta, e a Joana rapidamente perdeu o medo (após as primeiras agulhas) que tinha do desconhecido.

Tentei desde o início tratar TUDO. A depressão é fundamental, uma vez que a Joana já tem pensamentos suicidas, isso não pode continuar!

Por outro lado a depressão é um tratamento de longa duração e não podia também adiar as suas dores, que a afectam diariamente…

Após fazer o diagnóstico iniciamos o tratamento.

O primeiro tratamento correu bem, a Joana sentiu-se confortável durante todo o tratamento, embora um pouco desconfiada. No final estava mais descontraída e agendamos para a semana seguinte.

Na semana seguinte voltei a receber a Joana no meu gabinete. Ao vê-la o seu sorriso era diferente, a sua face estava mais aliviada e leve. Estava evidentemente bem disposta.

Quando perguntei, “então como passou a semana, sente-se melhor?”, a Joana respondeu: “melhorei de tudo embora uma ou outra dor tenha voltado há um dois dias, e senti uma coisa que já não sentia há muito tempo. após o tratamento senti uma alegria imensa dentro de mim

O tratamento continuou no sentido de consolidar as melhorias e tentar ajudar a Joana a ultrapassar esta fase difícil.

É extraordinário o que a acupunctura pode fazer. Na realidade o tratamento visa equilibrar o corpo, desta forma a pessoa sente-se melhor. Não apenas fisicamente bem como também do ponto de vista mental. Quando o corpo está mais forte, a pessoa tem mais capacidade para lidar com as adversidades…

“Não podemos nunca esquecer, que no caso da depressão é determinante procurar apoio psicológico. É na sinergia terapêutica que todos ganhamos e sobretudo, os pacientes”

*nome fictício

Depressão, o tratamento da Joana

Rafael Laballe

Cervicalgia, um problema crónico

Certo dia recebi uma paciente de 85 anos com cervicalgia.

Este é um problema que a afecta há já muitos anos. Sente dor em todo o pescoço incluindo os trapézios. Para além da dor há uma clara limitação do movimento.

É difícil estabelecer um prognóstico nestas situações em que, por um lado a idade, por outro a gravidade da lesão, podem ser um impedimento sério à evolução do tratamento.

No entanto, foi feito tratamento. Decidi começar com a abordagem de YNSA (acupunctura craniana). No final deste tratamento pedi à paciente que movesse a cabeça…

Alguns segundos após, disse-me que já doía menos e já conseguia virar melhor a cabeça.

Continuei o tratamento com acupunctura tung para tentar melhorar ainda mais a condição. Foram então inseridos mais pontos.

A paciente fez o tratamento sentada, para que tivesse toda a liberdade de movimento.

Após finalizado o tratamento a paciente sentiu claras melhorias ao nível da dor e mobilidade.

Ao 3º tratamento a paciente já veio sem queixas, apenas com sensação de tensão no pescoço…

Conclusão: Em apenas 3 sessões a paciente livrou-se da dor e da limitação de movimento. Este problema é crónico e ja a afectava há vários anos…

Cervicalgia, o problema da paciente com 85 anos

 

 

 

Rafael Laballe

Amigdalite, sequelas…

Em tempos a dona Rosa dirigiu-se ao meu gabinete após ter sofrido de uma amigdalite.

Já havia recuperado, mas apenas parcialmente. Andava há já uns dias com a garganta inchada e com desconforto na deglutição. Foi então que decidiu dirigir-se até mim…

“A acupunctura actua em muitas situações e neste caso, como noutros, podia ajudar diminuído a inflamação latente bem como o inchaço na zona da garganta”

Antes de iniciar o seu tratamento o pulso foi observado. De acordo com a medicina chinesa, através da interpretação do pulso podemos entender diversos mecanismos biológicos. Havia um claro sinal que justificava o seu problema.

Foi então feito o tratamento para que incidiu em acupunctura distal e acupunctura Tung. Após inserção das agulhas o pulso normalizou o que me fez acreditar que mais tarde ou mais cedo a dona Rosa iria sentir-se melhor.

No dia seguinte quis ver-me de novo… Quando a consultei já não foi para o mal da sua garganta que havia desaparecido mas sim para um jeito que deu entretanto nas costas…

Foi então que fiz o tratamento para a dor de costas em que a paciente pode sentir de imediato, os efeitos positivos do tratamento

E foi assim que a dona Rosa pode ir de férias sem qualquer desconforto e após poucos tratamentos.

Nem sempre a acupunctura pode tratar em poucas sessões, mas são também várias as vezes em que o é. É também importante reconhecer que a acupunctura actua nas mais diversas situações e se houver dúvidas nada melhor como perguntar ao seu terapeuta.

O tratamento

  • Na primeira sessão o objectivo foi o de acelerar o que já havia começado, a cura da amigdalite; foram por isso usados pontos do canal tai yin (BP5, o P5 e o P6 ashi) e também o grupo de pontos tung para todos os problemas relacionados com o pulmão, no canal Zu yang ming. Após estes últimos pontos o pulso ao nível do Pulmão voltou ao normal
  • No segundo tratamento o tratamento para as costas baseou-se num misto entre YNSA, acupunctura Tung e acupunctura distal do Dr. Tan. Foi usado o conhecido ponto Du26 para lombalgias, o ponto tung 1010.25 e Linggu, os pontos guci. Para além destes pontos usei também o ID5 bem como o ponto D (YNSA). Os resultados foram evidentes no decurso do tratamento bem como no final do mesmo

Rafael Laballe